A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves, anunciou nesta terça-feira (5) que não prevê demissões no Brasil em 2025, mesmo diante dos desafios gerados pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos. A empresa também está confiante na reversão da atual taxação de 10% sobre aviões e peças exportados ao mercado norte-americano, com o objetivo de restabelecer a tarifa zero que vigorou por 45 anos.
A declaração foi dada pelo CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, durante apresentação dos resultados do segundo trimestre da empresa.
“Ficamos muito felizes de passar de 50% para 10%, o que reduziu bastante o impacto para os nossos clientes. Estamos nos esforçando com afinco para restaurar a tarifa zero”, afirmou.
Desde abril, a Embraer está submetida a uma tarifa de 10% imposta pelo governo dos EUA, medida que gerou um impacto estimado em US$ 65 milhões (cerca de R$ 350 milhões). Segundo a empresa, 20% desse valor já foi sentido no primeiro semestre, e os 80% restantes devem ser absorvidos até o fim do ano.
A cobrança incide sobre peças e componentes de aviões executivos exportados para subsidiárias da própria empresa nos EUA. O risco de aumento da taxação para 50%, cogitado nas últimas semanas, foi descartado na quarta-feira (30), quando o governo norte-americano retirou aeronaves e componentes de aviação do chamado “tarifaço”.
Empregos garantidos e expansão nos EUA
Apesar do impacto financeiro, a Embraer afirma que não há previsão de corte de pessoal no Brasil. Atualmente, a empresa emprega 18 mil pessoas no país, sendo cerca de 3 mil apenas na unidade de Gavião Peixoto (SP).
“Estamos mantendo nosso guidance para o ano, o que exige a entrega de todos os aviões planejados. Redução de produção ou de quadro está completamente fora dos nossos planos”, garantiu Francisco Neto.
Nos EUA, onde a empresa também atua fortemente, a Embraer emprega quase 3 mil pessoas diretamente, número que sobe para 13 mil considerando a cadeia de fornecedores locais. A companhia planeja investir US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões) em unidades no Texas e na Flórida até 2030, com previsão de criação de 5.500 novos empregos.
Essa presença robusta em solo americano, segundo Neto, é um trunfo nas negociações para eliminar a tarifa atual. As conversas estão sendo conduzidas tanto pelo governo brasileiro quanto diretamente pela própria empresa com autoridades dos EUA.
Resultados do segundo trimestre
No segundo trimestre de 2025, a Embraer entregou 61 aeronaves, sendo:
19 jatos comerciais
38 jatos executivos
4 aviões militares
O volume representa crescimento em relação ao mesmo período de 2024, quando foram entregues 47 aeronaves. A carteira de pedidos firmes da companhia atingiu US$ 29,7 bilhões, o maior valor já registrado pela empresa.
Para o ano, a Embraer projeta a entrega de:
77 a 85 aeronaves comerciais
145 a 155 jatos executivos
Agência Brasil