Aliar atividades manuais com arte, cinema e terapia foi a semente de um projeto de animação em stop motion do diretor Ricardo Rodrigues, que transformou as sextas-feiras da Apae de Bariri (SP) em um verdadeiro estúdio de filmagem.
Morador de Jaú (SP), o arte-educador Ricardo promove oficinas gratuitas na instituição para mais de 100 alunos, que participaram de todas as etapas de montagem, fotografia, trilha sonora e até mesmo pesquisa da produção de "O Menino, o Vô e o Valor".
O projeto é a realização de um curta-metragem de 15 minutos, produzido em animação stop motion (recurso que envolve fotografar quadro a quadro objetos físicos), que será incorporado à lista de outras produções de filmes autorais por meio de leis de incentivo do diretor.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/I/w/MXopuvRFuOnbAEB5ZsSw/g1-6-.jpg)
Projeto de animação em stop motion ajuda no desenvolvimento de 100 alunos da Apae de Bariri (SP) — Foto: Ricardo Rodrigues/Bela Balela Produtora/Divulgação
"A proposta das oficinas formativas de cinema em miniatura é proporcionar aos participantes o conhecimento e a prática desta modalidade artística, estimulando a criatividade para seus projetos audiovisuais", explica Ricardo.
O projeto traz como personagem principal o menino Pio, de oito anos, que vive nas ruas como catador de papelão e sonha em ter uma vida plena ao lado do avô Ded, de 64 anos, e do cachorro Bido.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/E/V/XQSNHZRBqAhz0cVVgeHA/g1-5-.jpg)
Projeto de animação em stop motion ajuda no desenvolvimento de 100 alunos da Apae de Bariri (SP) — Foto: Ricardo Rodrigues/Bela Balela Produtora/Divulgação
Segundo Ricardo, o avô representa a sabedoria popular, a herança afetiva e a resistência de quem, mesmo sem muitos recursos, ainda acredita em valores como respeito, honestidade e amor. Já Pio simboliza a infância que persiste em meio ao abandono social, enquanto o cachorro completa o trio como representação da lealdade e do afeto incondicional.
Quando for 100% concluído, haverá quatro exibições presenciais e gratuitas do filme em Bariri, Boracéia, Pederneiras e Jaú, impactando cerca de 600 pessoas.
Para Sonia Maciel, coordenadora de Serviço Social da Apae de Bariri, os benefícios das oficinas não se aplicam apenas ao lazer, já que a própria narrativa do curta traz muito significado para os alunos.
"Desde a primeira peça, o crescimento deles em relação à preparação, o material, e, depois, ver o filme pronto é uma riqueza de valores para eles. É um sucesso na vida deles participar de um projeto que aborda a questão da inclusão, de ver as diferenças e que nem todo mundo é igual", relata, em entrevista ao g1.
E essa importância é ressaltada pelos alunos Everaldo Custódio e Natanael da Silva, que abordam como as aulas se tornaram muito mais do que uma oficina. "Desde que começamos, isso foi um aprendizado. Não só para mim, mas para os meus amigos todos aqui", comenta Everaldo.
Marcelo da Silva, que também frequenta as aulas, finaliza: "O projeto está evoluindo muito. Eu não falava muito e, agora, estou falando, e isso, no dia a dia, para nós, é uma beleza. Aprendemos muitas coisas novas."
TVTem