Um projeto ambiental em Anhembi (SP) instalou uma ponte ecológica suspensa na Estação Ecológica Barreiro Rico para proteger o muriqui-do-sul, o maior primata das Américas e uma espécie criticamente ameaçada de extinção.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Fundação Florestal do Estado de São Paulo e uma indústria de celulose. A estrutura, inédita na região, foi projetada com base em estudos sobre o comportamento e a locomoção dos animais, que se movimentam entre as copas das árvores.
Segundo a analista de sustentabilidade Gabriela Dolenc, o modelo da ponte foi desenvolvido para facilitar a movimentação natural dos muriquis, permitindo que eles atravessem a estrada rural que corta a unidade de conservação sem riscos.
"Tem muita ciência por trás dessas estruturas. Entender essas particularidades de cada espécie e trazer um desenho de uma ponte que permita e facilite esse acesso e essa conexão entre um dossel [camada superior da copa das árvores] e outro", relata Gabriela Donlenc em entrevista a TV TEM.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/X/M/ts7WvHSyaaBuXhcjaEEQ/bau-primatas-011025.transfer-frame-183.jpeg)
Projeto de Anhembi constrói ponte ecológica para proteger maior espécie de primata das Américas — Foto: TV TEM/reprodução
O gestor da Estação Ecológica Barreiro Rico, João Marcelo Elias, destacou que a estrada estava isolando grupos de primatas e aumentando o risco de atropelamentos.
“Quando eles não conseguem transpor e conectar-se às novas florestas, eles acabam enfraquecendo geneticamente, as populações vão ficando mais suscetíveis a doenças e isso acaba contribuindo para a extinção”, explica.
O muriqui-do-sul enfrenta uma redução populacional de cerca de 80% nos últimos 60 anos, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). No Brasil, restam menos de 1.200 indivíduos.
Pesquisadores da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo também trabalham em parceria com universidades americanas para mapear o genoma da espécie, o que deve ajudar em programas de manejo e reprodução.
“Se a gente preservar e conservar o muriqui, a gente não vai conservar só a espécie, mas também todo esse ecossistema onde ele está inserido”, afirma a pesquisadora Paloma Arakaki, da Semil.
“A gente vai somando pequenos esforços e vai conduzindo aqui para um futuro mais sustentável”, finaliza João Marcelo Elias.
TVTem